Este é um Post compartilhado do Renato Rocha Miranda para conhecer mais sobre o trabalho dele e o todo o  seu grande conhecimento deste profissional na arte da fotografia clique aqui

PRINCIPIA  - Renato Rocha Miranda

A Abertura do Diafragma

Controle o fluxo da luz!

Seus ensinamentos foram tão fortes e profundos que influenciam gerações há mais de 2.000 anos.  Calma, não to falando de Jesus Cristo, mas de Aristóteles!

Bertrand Russel costumava dizer que "quase todo o avanço intelectual sério teve de começar com um ataque a alguma doutrina aristotélica".

É inegável que o filósofo macedônico, coach quântico de Alexandre, o Grande, levantou o sarrafo da humanidade dezenas de metros de uma só vez. Poucas foram as áreas do conhecimento não afetadas pelo pensamento aristotélico e pouquíssimos reuniam saber tão vasto como o dele até hoje, se é que já houve alguém assim.

Deve-se tirar o chapéu também para seu poder de observação, pois durante um eclipse solar em pleno séc. IV AC, onde um evento como aquele seria motivo para máxima angústia e preocupação, Aristóteles não só consegue provar que a Terra é redonda como faz percepções que vão resolver uma sinuca de bico fotográfica vários séculos mais tarde. É o princípio da câmera escura observado por uma mente criativa e curiosa!

Aristóteles percebe que um furo numa folha é capaz de projetar a imagem do eclipse na superfície de um lago, mas vai além:

Por sua vez, aumentando-se o furo por onde a luz passava, a imagem gradativamente ficava indistinta, sem definição alguma.

A história conta que Aristóteles fez um furo tão pequeno que mal se conseguia ver a imagem ultra nítida, era necessário muito tempo para a acomodação da vista.

Aberturas por onde a luz passa e tempo de reação de algum material fotosensível...hummm...soa familiar não? e ainda estamos 4 séculos antes de Cristo!

Se fotografia significa "escrita com luz", parece óbvio que controlar a quantidade de "tinta" com a qual se escreve determinará a qualidade da sua caligrafia, o segredo não é se preocupar com a luz em si, afinal sem ela seria impossível fotografar, mas no fluxo luminoso passando pelo furo.

Nossa câmera escura agora conta com uma forma primitiva de controle de nitidez da imagem: a variação do diâmetro do pequeno furo por onde a luz passa. Aumenta-se o diâmetro do furo e perde-se a definição da imagem, voltando a ficar definida conforme se fecha gradativamente o diâmetro do orifício.

Esse é um detalhe fundamental na sua evolução fotográfica que eu, sinceramente, acho muito mal explicado nas escolas de fotografia:

Uma vez entendida a forma como a luz entra na sua câmera, a velocidade do obturador, a sensibilidade ISO do seu sensor, a carga do seu flash, a distância do seu tripé de iluminação e a distribuição de luz na sua foto são automaticamente desdobradas numa única lógica impossível de ser mais simples. 

Um valor é reflexo de outro.

Todos eles se encaixam como em uma engrenagem perfeita e extremamente veloz, um puxando o outro, cujo único objetivo é evitar a perda de tempo com o que não interessa e forçar o fotógrafo a se preocupar com o que realmente importa:

sua narrativa visual e enquadramento.

A idéia dos "3 pilares da Fotografia" sempre me pareceu forçada e limitante, como engenheiro de formação, um pilar é elemento de sustentação, de fixação, a construção não pode se mover.

É exatamente o oposto da lógica comentada 3 parágrafos acima: todos os parâmetros fotográficos são como engrenagens que se encaixam graças à dosagem calculada de luz e uma engrenagem pressupõe variação de movimento, agilidade, fluidez.  É assim que enxergo a câmera, como um motor que carrega o fotógrafo, respeitando seu ritmo e vontade.

Gasta-se menos de um minuto encontrando-se tudo, mas é necessário que suas escolhas estejam encaminhadas na sua cabeça ao mesmo tempo que que se arruma espaço para o imprevisto e mais área ainda para o improvável.

Toda vez que pegar sua camera dois caminhos, em essência, abrem-se na sua frente: um passa pela definição da imagem (Abertura), o outro pela quantidade de movimento que há nela (obturador).

Só você pode decidir qual caminho irá tomar, mas após feita a escolha, sua câmera o ajudará a encontrar e decidir pelos restantes, num processo lógico e veloz.

Escrito assim parece simples ( e é ), mas levamos 20 séculos para forjar essa lógica, que vai depender inteiramente dessa observação quase banal de Aristóteles, fruto de sua "insolência educada".

"Luz passando por um furo, guarda isso". Foi assim que terminei o 1 artigo, lembra? Façamos uma pequena adaptação:

Luz passando por um furo, de diâmetro variável. Guarda isso!Conheça + sobre o Renato Rocha Miranda: https://renatorochamiranda.com.br/